Urreta

De Urreta pouco se soube até ontem. Do extremo uruguaio que, em 2008, o Benfica foi buscar ao River Plate de Montevideu, a comunicação social, tantas vezes essencial para a afirmação de um atleta aos olhos dos adeptos e até dos próprios treinadores e dirigentes, pouco ou nada falou. A verdade é que não foi colocado nem inscrito pela equipa B (corrijam-me se estiver errado) e corre-se assim o risco de perder um talento que poderá vir a gerar muitos milhões de euros. 

No passado, com Quique Flores, mostrou com qualidade e, com apenas 18 anos, conseguiu realizar 18 jogos oficiais na sua primeira época na Europa, onde tinha Di Mária, Reyes, Ruben Amorim e Balboa como concorrência. Entusiasmou os adeptos benfiquistas e, já no final da temporada, ganhou a luta pela titularidade com Amorim. Parecia estar ali uma obra-prima... Foi então que chegou Jesus! Ainda se lançou a possibilidade de Ramires jogar a trinco e o uruguaio e Di Mária nas alas, todavia, o técnico português não contava com ele e, após dois jogos efetuados (lembro-me de ele ter jogado contra o Porto e de ter partido o corredor esquerdo azul e branco por completo), decidiu-se, por bem da sua carreira, regressar ao seu país de origem. Ao serviço do Peñarol, fez uma segunda metade de época de luxo e antevia-se o seu regresso à Luz.

Mas o catedrático parecia focado no seu objetivo de queimar "Jona". Foi cedido aos espanhóis do Depor para ganhar ritmo, todavia, após um início de época prometedor, uma desavença com um dos veteranos da equipa ditou o seu afastamento do onze inicial dos galegos. Em janeiro, voltou ao Peñarol, mas via-se que o seu futebol já era demasiado bom para um campeonato como o uruguaio. 

Na época passada, esteve ao serviço do Vit. Guimarães, porém uma lesão no aquecimento do seu jogo de estreia na "Cidade do Berço" tirou-o da primeira volta do campeonato. Ainda teve tempo para regressar em janeiro... em grande! Apesar de nunca ter sido titular indiscutível (nunca esteve a 100% em termos físicos), conseguiu ser várias vezes decisivo e, para muitos, foi o melhor jogador da segunda volta dos vimaranenses.

Este ano andou desaparecido até ontem... Em jogo de treino frente à equipa principal, vestiu a camisola da equipa B e, com toda a sua garra, velocidade e qualidade técnica, conseguiu faturar por duas ocasiões. Aos 22 anos, ainda vai a tempo de explodir e de se afirmar no futebol internacional. A sua convocatória para os Jogos Olímpicos deste ano é prova disso mesmo. Pode ser que Jesus abra os olhos e veja que está ali, porventura, o nosso melhor ala esquerdo.